Dia 20 de Janeiro
Chegou aqui de outro estado
com seus dezenove anos
pele e rosto bronzeado
aquele bonito baiano.
Na cidade de Quintana
iniciou se a trajetória
trabalhando com sitiantes
e eu conto a sua história
desse grande lavrador
que eu tenho na memória.
Com seus vinte e poucos anos
um grande amor encontrou
sua prenda mais querida
que na vida tanto amou
eu falo da dona Alira
a mulher que ele casou.
Em cinquenta e tres consorciou
na bonita cidade de Tupi
no sítio Santa cruz ele morou
pois foi lá que eu nasci.
Lutou com garra na vida
aquele homem sorridente
com sua esposa querida
o seu eterno presente.
Homem que tanto conhecí
não temia quase nada
vivia sempre a sorrir
dava tanta gargalhada
ela era bem feliz
seu ganha pão era a enxada.
Trabalhava sem cansar
aquele homem sarado
quantas coisas pra falar
desse herói abençoado.
Lembro da vida do campo
daquelas tardes fagueiras
fogão de lenha no canto
e de nossa vaquinha faceira.
Gostava tanto da família
adorava conversar
seu rádio grande de pilha
ouvia pra se alegrar
teve ´somente nove filhos
nove bocas pra criar.
Eu lembro desse passado
das suas coisas preferidas
dos seu filhos do coração
e da sua esposa querida.
Mas um dia ele cansou
foi para uma grande cidade
a família toda levou
foi buscar a prosperidade
sua mudança despachou
partiram no trem da tarde.
Ele a mulher e os filhos
e a mala preta aos pés
o trem apitando nos trilhos
na mala o dinheiro do café.
Nunca esqueço dessa mala
que levava esse dinheiro
quantas horas viajaram
nesse trem de passageiros.
Conheceu um novo mundo
descobriu uma nova vida
sempre com a esposa do lado
e a sua família querida.
Viu um mundo diferente
conheceu escada rolante
foi um grande ascensorista
teve empregos importantes
conheceu muitos artistas
esse homem tão brilhante.
Mas depois de um certo tempo
voltou para o interior
veio para ANTIGA CIDADE
de novo , um agricultor
agora o dono da terra
foi um patrão de valor.
Mas um dia de inverno
sua vida feneceu
aquele homem fraterno
numa noitinha morreu
foi embora, virou eterno
está morando com Deus.
Mais de vinte anos se passou
que ele partiu para sempre
mas seu brilho aqui ficou
com suas nove sementes
que hoje sensibilizados
tem ele sempre na mente.
Estou falando de um homem
que era bondoso de fato
que honrou sempre o seu nome
nesses meus versos eu relato
esse baiano paulista
seu João da Cruz matos.
Nesse dia de São Sebastião
valoroso soldado romano
dia que o meu pai João
faria oitenta e dois anos
feliz aniversário meu pai
sei que estás me escutando.
Quero que voce esteja
num lugar lindo e de paz
que lá de cima nos veja
o bem que ele nos tras
bendito e louvado sejas
quanta falta meu pai nos faz.
Dia vinte de Janeiro
essa estação de calor
dia que nosso padroeiro
é homenageado com louvor
parabéns também meu pai
dou um abraço no senhor.
Paulo Matos
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